Os Vive la Fête chegaram ontem em São Paulo, para os shows (um privé) que fazem por aqui, no fim da semana.
Vai foto cagada da coletiva de imprensa, há pouco:
Não, não faça essa cara. A banda carrega um bocado de valor. Tem seu quê 'electro vagabundo', sim. Mas o lado 'evolução natural da chanson francesa' vale mais. E olha que eles são belgas.
No encontro breve, Els Pynoo (que é ela) e Dany Mommens (ele, claro) se mostraram o contrário das personas que encarnam no palco. A loira é racional e ponderada, nenhum desvario bombshell. Ele, por outro lado, varreu a coolness pra baixo do tapete, respondendo a todas as perguntas com vários fucks (que a tradutora se recusou a aportuguesar), com seu estado naturalmente chapado.
Nos discursos, uma ou outra curiosidade sobre o nascimento do casal-banda, dos bastidores das composições, esse lenga lenga. Mommens garantiu que largou de vez seu emprego como baixista do grupo dEUS ("aqueles filhos de uma puta") para se dedicar de vez ao Vive.
O momento mais importante foi quando ele pregou o fim das bandas-laptop – garantindo que eles, que tocam ao vivo com mais três músicos, soam mais rock no palco. "De que adianta fazer uma música boa se você não consegue tocá-la ao vivo depois? É uma enganação", disse. "Sabe as Chicks on Speed? Odeio! Fazem ótimas músicas, mas não sabem reproduzir".
De Brasil, aquele assunto inevitável, parecem saber pouco. "Estou lendo Paulo Coelho agora, vi em algum lugar que é o escritor mais importante daqui", disparou Els. Musicalmente, ela se redimiu ao não citar Mutantes (troféu!), desviando para Gilberto Gil e dizendo que adoraria gravar um dueto com Elza Soares (que ouviu pela primeira vez hoje). Ele, mais hard, preferiu Sepultura e o DJ/produtor Zé Gonzales, que nem os brasileiros conhecem direito.
No fim, perguntei se Mommens se achava tão talentoso e charmoso quanto Serge Gainsbourg, inegável influência direta da banda. Os dois se embananaram em elogios ao francês, se classificando como "idiotas" perto dele. Els, nada burra, disse preferir a inspiração de Jane Birkin, dispensando Brigitte Bardot.
Ele feio e bêbado, ela loira. É a reencarnação literal de Gainsbourg-Birkin, o dueto mais pop da França, nos anos 00. E belgas!
Belos personagens, portanto.